
Análise: We Live In Time - A vida é feita de momentos
Chegou a 10 de outubro a Portugal o mais recente de John Crowley. "We Live In Time" ("Todo O Tempo Que Temos" em Portugal) junta no grande ecrã dois dos grandes talentos da atualidade: Andrew Garfield e Florence Pugh.

A vida é feita de momentos. Uns bons, outros maus, mas todos nos constroem, todos nos tornam nas pessoas que somos hoje. "We Live In Time" traz-nos essa coletânea de momentos vividos pelos protagonistas Tobias (Andrew Garfield) e Almut (Florence Pugh).
Tobias atravessa um divórcio e um novo emprego no início da história. Almut está pronta para abrir o seu próprio restaurante. E numa circunstância inesperada, estas personagens conhecem-se e desenvolvem uma relação a partir daquele momento. Mas a narrativa não é linear. Ao longo do filme, andamos para trás e para a frente a atravessar os vários momentos daquele casal.
Num tempo em que analepses e prolepses já não surpreendem o espetador, sendo recursos já bastante usados na televisão e no cinema, no caso de "We Live In Time" essa estrutura agrega valor àquilo que o filme representa: a vida é feita de momentos. Vivemos realmente em cada momento da nossa vida.
O guião não é surpreendente, e aqui está o maior problema do filme. O destino final da protagonista é previsível desde o trailer. Os momentos vividos pelos protagonistas ligam-se de forma natural nalguns cortes de cenas; de forma menos natural noutras. Não somos na verdade surpreendidos por aquilo que vai acontecendo à frente dos nossos olhos. O filme ganha na naturalidade com que esses momentos nos são apresentados. Aquelas personagens são relacionáveis, e ao longo do filme vamos torcendo pela sua felicidade. Tão rápido o guião nos dá os bons momentos, cheios de ternura, felicidade e um humor delicioso, como nos tira o tapete com os desafios que a vida apresenta àquele casal.
No final, todo o filme é elevado pelo talento dos seus protagonistas. Andrew Garfield e Florence Pugh são dois dos maiores talentos da atualidade, e disso não tínhamos dúvidas. À nossa frente, a arte de representar da maneira mais pura. Nos olhares, na interpretação de um texto simples e sensível. A química entre ambos é palpável. Com um outro casting, talvez não nos importássemos tanto com aquele casal. O uso do sotaque natural britânico de ambos é um pormenor delicioso, que certamente agrega valor à naturalidade que se apresenta aos nossos olhos.

"We Live In Time" não nos surpreende, mas toca-nos. E faz-nos pensar nos vários momentos da nossa vida. É certamente um filme que vale a pena assistir.